A Santa Casa de Lorena realiza desde de fevereiro deste ano um complexo processo para a captação e doação de órgãos de pacientes com mortes encefálicas confirmadas na unidade. Uma vez que a morte encefálica, caracterizada pela perda definitiva e irreversível das funções cerebrais, é diagnosticada por dois médicos, exames clínicos e de imagem, a família é notificada por uma equipe composta por médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social preparados para lidar com a dor da perda e para orientar de maneira responsável sobre a possibilidade da doação dos órgãos do paciente e a importância deste ato para a sociedade.
Uma série de procedimentos e exames laboratoriais são realizados para checar a viabilidade da doação e são encaminhados para a OPO (organização de procura de órgãos) em Campinas, vinculada a UNICAMP e parceira da Santa Casa de Lorena. Confirmada a doação com a família, a lista nacional de possíveis receptores para os órgãos é analisada minuciosamente pela OPO para encontrar o paciente mais favorável. Tipo sanguíneo, idade, peso, medidas e outros fatores são checados para que o transplante seja feito com sucesso e não haja risco de rejeição.
TEMPO É VIDA
Após a autorização da família e a confirmação da doação, todos os procedimentos devem ser realizados com prudência e rapidez para garantir que o órgão chegue até o receptor intacto. A Santa Casa de Lorena e a Organização de Procura de Órgãos têm auxílio da Polícia Militar que escolta os profissionais até a unidade de atendimento da Santa Casa, região central de Lorena, para a captação dos órgãos que são levados de helicóptero para o receptor.
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO BRASIL
O Brasil tem o maior programa público de transplantes de órgãos, tecidos e células do mundo. Mesmo assim, ainda é alto o índice de não autorização por parte das famílias. Hoje, seria possível zerar a fila de espera por um órgão se as famílias de possíveis doadores autorizassem o procedimento. Os maiores responsáveis pela não autorização ainda são a desinformação e os mitos populares.
MUDANÇAS NA LEI
O presidente Michel Temer assinou em 18 de Outubro de 2017, um novo decreto que regulamenta a Lei no 9.434/1997 e moderniza o Sistema Nacional de Transplantes. Entre as principais mudanças estão a importância da família na decisão da doação de órgãos e a inclusão do companheiro(a) como autorizador da doação.
Outra alteração do decreto atende à demanda do Conselho Federal de Medicina (CFM) e retira a exigência do médico especialista em neurologia para diagnóstico de morte encefálica. Deste modo, a constatação da morte encefálica deverá ser feita por médicos com capacitação específica, observando o protocolo estabelecido. A medida dá segurança a equipe médica para o diagnóstico e possibilitará a imediata conversa com a família sobre a doação de órgãos.
INFORMAÇÃO E TREINAMENTO NA SANTA CASA DE LORENA
A Santa Casa de Lorena tem preparado seus profissionais para lidar com as famílias e com os complexos procedimentos técnicos para a doação de órgãos. A unidade investe em treinamento, palestras e informação trazendo grandes profissionais de todo país para
compartilhar seus conhecimentos e vivências. No mês de Janeiro, os médicos, enfermeiros e demais profissionais da Santa Casa receberam a visita de profissionais do Hospital Albert Einstein e do Hospital de Clínicas da UNICAMP.
